quinta-feira, 4 de março de 2010

No eco dos gritos - Capuccino Jack

Faz alguns dias, quer dizer, algumas semanas, ou meses, que mais de 80 bandas circularam por todo o Brasil no maior festival integrado da América Latina - O Grito Rock. Uma delas foi a Capuccino Jack que além de particpar da edição Rio Branco, tocou no Grito Rock em Cuiabá e em Vilhena (RO). A banda recebeu boas críticas por parte dos organizadores e fãs. Abaixo, em entrevista para o blog da Aldeia Fm, eles contam como foi a viagem, falam sobre a importância dos veículos de comunicação como as rádios e dos planos para esse ano de 2010.


"Enxergamos uma oportunidade para potencializar e fortalecer a musicalidade que é feita aqui em outros estados, além de entrar em contato com outros músicos e ainda conhecer de perto o sistema de organização de festivais de outros lugares", comenta o baixista Hugo Jack.
Qual a proposta estética e sonora da banda?

Hugo Costa: O nosso processo de composição não é nada convencional. O compositor principal da banda é o André, então essa linha está mais focada no estilo de escrita dele. Já as músicas nascem num processo coletivo, em sua maioria na hora nos ensaios. Às vezes o Barrozo faz um riff, o John solta uma batida e eu entro com alguns arranjos. O que começa muitas vezes como brincadeira já terminou tantas outras como mais uma canção que entra pro nosso setlist. O produto final das músicas é a doação de cada um no processo criativo.


Em Vilhena (RO)

Como foi a participação de vocês no Grito Rock Vilhena e Cuiabá e o que é esse projeto?

André Barrozo : Foi uma das melhores coisas que aconteceram pra gente. O ano passado foi ótimo. Em abril, por exemplo, nós tocamos todos os finais de semana. Participamos do lançamento da coletânea Canta Tião: Um Canto à Natureza, dos festivais Chico Pop e Varadouro, tocamos pela primeira vez na UFAC, fizemos apresentações pelo circuito "A Cidade se Diverte", um deles foi no Teatro de Arena do SESC com os nossos parceiros da Camundogs. Participamos do Ao Vivo N'Aldeia e também fizemos alguns shows no Espaço Alter Ego no Espaço Alternativo Palhukas, foi muita coisa boa num ano só. Agora já começamos o ano com o pé direito. Essas oportunidades de Vilhena e Cuiabá foram maravilhosas, maravilhosas mesmo! As pessoas, o atendimento, as casas de show, os passeios, as brincadeiras, os contatos, enfim, tudo correu da melhor forma possível. E além de tocar pela primeira vez fora do estado, essas viagens servem pra nos unir mais como banda, pra conhecer outros músicos e ainda pra inspiração mesmo, porque nesse tempo todo você respira, sonha, dorme e acorda com música. Foi ótimo!

Foto por Lígia Torres
O melhor disso tudo é a importância que esse projeto tem e fazer parte desse trabalho é uma experiência que só nos enche de orgulho. E ainda tem toda essa questão da estrutura de tocar num espaço enorme, a céu aberto e ainda com um som profissa. É o que toda banda sonha", afirma John Jack, guitarrista.
André Lima: Você perguntou o que é o festival... Pois é, a idéia nasceu há sete anos em Cuiabá pra dar uma alternativa diferente pra quem não é lá muito fã do carnaval. Em 2006, senão me engano, a idéia se espalhou pra outros estados, inslusive aqui no Acre. Já nesse ano foram 80 cidades e ainda outros países (Argentina, Bolívia, Peru e Uruguai). Então essa viagem serviu também pra isso... Conhecer o berço do Grito Rock, onde o festival nasceu. Vimos o modo de produção do Coletivo Vilhena Rock e do Espaço Cubo, que é uma referência no Circuito Fora do Eixo, (via pela qual a banda circulou), e ainda conhecemos a Casa Fora do Eixo em Cuiabá. Participamos de uma edição histórica do Grito Rock Cuiabá que aconteceu pela primeira vez nessa Casa. E aqui fica o agradecimento a toda equipe de Vilhena, na pessoa do Netto e do Keith, e também dos coletivos Espaço Cubo e Catraia. Cubo pela recepção e iniciativa do festival e ao Catraia por ter nos indicado pra representar o Acre. Muito obrigado!

Nossa música acreana é plural e muito criativa. O que vocês conhecem dela?

Hugo Costa: Bom, estamos ainda num processo de aprendizado, mas podemos citar artistas mais antigos como o Da Costa, o próprio Tião Natureza e o grupo Capú. E essas são ótimas referências, porque a música acreana é diferente. O músico acreano já tem um senso estético embutido, é um cuidado redobrado com a letra, uma preocupação com a postura no palco e outros fatores. Até mesmo no rock esse conceito também existe, o rock do Acre é diferente. Tem uma sonoridade difícil de rotular que só ouvindo dá pra sentir.

As rádios com certeza ainda, em tempos de internet, são um veículo importante para divulgação da música. Qual é a relação de vocês com essa mídia?

André Barrozo: Pois é, ouvir a música "Você" (regravação da música do Tião Natureza) na rádio é uma sensação estranhamente prazerosa. Você cresce com o costume de ouvir a rádio, de esperar aquela música que mais gostar tocar e tudo mais. Então um dia você tá sintonizando uma estação e ouve a SUA música... É uma emoção que não tem tamanho, é impossível ouvir sem um sorriso no rosto e com muito orgulho. Mas nós estamos em dívida com essa ferramenta. Gravamos a faixa "Você" no final de 2008, já temos até duas músicas pagas mas ainda não entramos em estúdio, coisa que é um dos planos pra esse ano, aliás, pra esse semestre. E assim poder soltar o nosso som nas rádios pra, quem sabe, atingir outros públicos que não vão ao show, mas podem nos conhecer desse outro modo.

Foto por Lígia Torres

E a relação com a internet?

John: É aquela coisa... Ou você acompanha a evolução da tecnologia ou fica pra trás. A nossa relação com a internet como banda ainda é muito tímida. Só temos uma música gravada e a principal maneira de divulgar o seu trabalho pela rede é através do trabalho. Como ainda não criamos vergonha na cara e gravamos (risos), continuamos um passo atrás com essa que é a ferramenta mais importante e que oferece também tantos meios pra propagar seja o que for. Mas apesar de nos relacionarmos mal com ela, é de opinião mútua que o futuro é a internet e o futuro é agora, né... Não espera.


Quais os planos para 2010?

Hugo Costa: O primeiro de todos é entrar em estúdio e gravar as músias "Regressivo" e "Leito de Procusto". Depois pensamos na Lei Estadual/Municipal de Incentivo à Cultura, Acústico em Som Maior, Banzeiro Mais Massa e Festival Chico Pop. Além de continuar com as composições e também com o nosso apoio pra promover eventos/festivais/shows, assim como já fazemos com o P&Iá, Coletivo Catraia e a Dream Cry Produções. Por hora estamos com a novíssima "Descompasso", que foi um presente do meu irmão (Adaildo Neto) e da Dani Andrade.

André Lima: Interromper um pouco porque eu tô muito empolgado com essa música (risos). Esse foi um presente muito feliz e muito importante, porque essa canção deu um gás enorme pros nossos shows e é um pouco diferente das outras que nós já fizemos, além de ter um conceito primoroso. Inclusive é a primeira vez que nós falamos o nome dela, "Descompasso", porque nas primeiras apresentações que fizemos, digamos assim lançamento... Nós a apresentamos no Grito de Rio Branco, Vilhena e Cuiabá apenas como a "música nova". Essa coisa de dar título a uma música é muito difícil e pelo que ela representa pra nós foi mais difícil ainda. Sem contar que é da Dani, que é uma amiga muito querida e eu sempre quis cantar uma composição que fosse dela... Grande escritora. Mas voltando aos planos... A palavra chave desse ano é também a capacitação com foco nos estudos e ensaios, que é o mais importante tanto na música quanto em qualquer trabalho que você se envolva. Então é isso. Agradecemos essa oportunidade de entrevista, agradecemos por esse carinho, que é recíproco, que a Rádio Aldeia sempre demonstra pelos capuccinos. Nós só temos a agradecer, mais uma vez, a todos vocês, as pessoas que ligam na rádio pedindo a nossa música, pelo público que vai aos shows, que deixa recado no orkut, que pergunta, elogia e critica. É muito difícil fazer música, conseguir espaço pra mostrar o seu som, então todo mundo que trabalha com a organização de eventos pra divulgar o que a nova música acreana tem feito é digno de todo respeito e força e, no que diz respeito a banda, vamos continuar também nessa luta. Valeu!

2 comentários:

Eduardo Di Deus disse...

Parabéns ao Capuccino pelo giro!
Vamo que vamo!

Thalyta França disse...

=)