quarta-feira, 9 de julho de 2008

No Calor do Norte Noise


A turma de preto assiste a apresentação da banda Atomic Beer. Rio (Branco) 40 graus


O termômetro marcava mais de 40 graus. Ok, é mentira, não marcava. Mas com o sol que fazia parecia mais que isso. Desde cedo a produção do Norte Noise, evento que lançou formalmente o Núcleo Artístico Underground do Catraia, trabalhava, buscando geleiras, comprando bebidas, cuidando de detalhes como crachás, listas de apoio e planilhas de cadastros, tudo para que o intuito principal do projeto: unir conceitos e pontos de vistas. “O Norte Noise tem a importância de acabar com esse provável apartheid cultural entre bandas e estilos. As bandas de cá, contra as bandas de cá, estilo X contra estilo Y. Somos todos um só movimento e vamos todos para um mesmo rumo", garantiu em reunião Janu Schwab, Gestor de Marketing. A idéia do núcleo artístico surgiu em uma reunião entre os gestores do Catraia com a banda Survive. “A idéia é juntar a organização do Catraia com a experiência das bandas de Metal, que estão há anos batalhando, e desta forma fortalecer a cena underground” explica Max Dean, vocalista da banda idealizadora do projeto.

Durante o mini-festival apresentaram-se 10 bandas. Todas de Rio Branco. As duas bandas da vizinha Porto Velho não puderam vir. Com microfone em punho Max Dean, um dos idealizadores do evento, pediu desculpas. E garantiu que a festa ia ser boa. E foi. De novatos a veteranos, o Norte Noise mostrou como é a cara do Metal acreano, sendo ele trash, melódico ou simplesmente heavy. O diferencial do evento ficou bem claro na produção, que trabalhou em dobro, principalmente no atendimento ás bandas. “O Norte Noise foi diferente pelo fato de estarmos trabalhando com outro público, caras novas, outras idéias. Isso exigiu mais da produção, pois era um novo evento, então tivemos que colocar em prática nossas forma de atender o público e as bandas, pensar numa decoração, fazer crachás de identificação, coisas que já não precisavámos fazer no Balanço da Catraia. Já foi um laboratório para o Varadouro, que exige isso tudo em maior escala”. Comentou a Supervisora de Produção e Eventos, Thalyta França.

Foi com essas idéias - e com um sol de rachar moleira - que a primeira banda, Wildchild, subiu ao palco lá pelas 16h. E para eles o evento foi mais que especial. “Essa foi a nossa primeira apresentação”, explica Flavio “Sapo” Guilherme, baixista da banda que foi formada há menos de tantos dias, com o intuito que move várias bandas: fazer um som entre amigos e se divertir. Apesar de terem apresentado apenas covers, os novatos já trabalham em músicas próprias. “Temos uma música feita e duas em andamento, que devem ficar prontas até o final do mês” comenta o vocalista e guitarrista, Luiz Felipe que, além de empolgação, mostra intimidade com prazos.

No palco do Norte Noise tinha para todos os gostos, das novatas às veteranas, como a Fire Angel que em nove anos de vida encontra-se em sua décima segunda formação. E definitiva, segundo o vocalista João Neto. “É difícil manter uma banda por tantos anos, mas nós já encontramos as pessoas certas e a maturidade, agora a única dificuldade é a falta de tempo, pois todos trabalhamos.” explica ele. Ainda assim a banda tem planos de lançar um cd no segundo semestre deste ano. E não acabou por aí, no palco do evento misturou-se de tudo. Seja com músicas marcantes que critiquem a hipocrisia das religiões, como é o caso da Atomic Beer, ou o oposto, letras que falem de religião e da palavra de Deus, como acontece com a Zebulon, as bandas metaleiras deram um show e levaram um público fiel ao evento.

Diversificado, o palco do Norte Noise comportou bandas e atitudes diferentes. A Guerrilha PA 44, responsável pela parte musical e cultural do Coletivo Carapanã, marcou presença marcou presença no palco com letras fortes, contestando as falhas do Estado e contra tudo que aí está. E falando neles, a banda se apresenta dia 25 no palco do DCE, mesmo local onde aconteceu na última sexta o show do Los Porongas. E se eles começaram pra revolucionar, a Scalpo só queria se divertir. “Éramos uma turma de amigos que gostava da mesma música, e que começou a brincar de fazer barulho” relembra o guitarrista da banda, Jardel Costa. E a brincadeira virou coisa séria, a banda já comemora sete anos, com diversos nomes e formação. “Tivemos uma evolução natural nesse tempo” afirma Jardel.


Coletivo Ao Pé da Letra


Jardel faz seu cadastro. "-Qual banda mesmo? - Várias bandas!"


Comum na cena é a rotatividade de músicos em várias bandas. Jardel é um desses que trabalha em dobro em cada evento que tenha várias apresentações - como o Norte Noise. Além de tocar na Scalpo, ele também é guitarrista da Silver Cry, banda que há oito anos sabe das dificuldades dentro da cena metaleira de Rio Branco. “Nós não apenas presenciamos como participamos da evolução do Metal Acreano”, afirma o baixista da banda, Ricardo Cota. “Eventos como o Norte Noise ou o Feliz Metal [evento que ocorre todo final do ano, nas semanas que antecedem o natal e que reúne várias bandas e arrecada alimentos para doação] servem para potencializar a cena, há a necessidade de um calendário de eventos para que, tanto o público como as bandas se preparem”. Com menos tempo de estrada (sete anos a menos) a Suicide Spree marcou presença com uma nova formação. Há um mês Fabio Ribeiro tomou conta dos vocais, e fez bonito.

De coletividade as bandas de metal entendem, desde o começo um ajudava o outro. A novata Wildchild emprestou seus instrumentos diversas vezes para diversas bandas. Guitarras e contrabaixos foram e voltaram intactos. Teve ate vocalista pagando de baixista. O baixista da Scalpo não pode comparecer ao evento por problemas pessoas, e para ficar no seu lugar segurando o instrumento foi chamado o amigo da banda, Max Dean. Só que detalhe: o vocalista da Survive não sabe tocar baixo, então só ficou fazendo pose. Essa união entre as bandas vem dos anos de estrada, na dificuldade de se fazer musica underground, os músicos tiveram que aprender a se unir, para poder fazer a cena. Alguma semelhança com um certo coletivo de cultura?

Com o novo horário [uma hora a menos com relação a Brasília], pelo menos seis bandas enfrentaram o sol quente da tarde de sábado. E tanto bandas quanto público enfrentaram o calor com cautela, sem deixar de prestigiar as bandas como se deve - com muita roupa preta, adornos, adereços e bateção de cabeça. Bebia-se muita água! Ouviam-se muitos urros. Com o cair da noite (e da temperatura) o público foi aumentando, e literalmente os metaleiros levantaram a poeira do Quadrilhódromo – era a famosa brincadeira do empurra-empurra começando.
Eu posso não entender nada do estilo, por isso nem me meto a resenhar as bandas ou dizer o que estava ou não bom, mas a música estava agradando. Mas se você quer saber um pouco mais sobre o nível musical, porque não ouvir o público? Eles devem entender melhor que eu...



Deixa o Povo Falar!


Ruslan Sampaio, Leidnhan Walthier e Elizângela Monteiro falam o que acham do I Norte Noise


Melhor do que uma leiga sobre Heavy Metal, porque não o público (sempre fiel) para falar o que acha das bandas e do evento? O Catraia perguntou a alguns presentes quais suas impressões sobre o Norte Noise e as apresentações musicais.

Para o acadêmico Ruslan Sampaio, fã do estilo há 7 anos as bandas que se apresentaram no Norte Noise são “as melhores de Rio Branco”, tecendo elogios a Zebulon e Sutvive.“Acho que a Zebulon evoluiu bastante, principalmente no vocal que ficou mais extremo. Já a Survive é a melhor quando se fala em presença de palco”. E o evento? “Foi muito bom, só faltou um pouco de banda gótica” disse sorrindo, com seu crucifixo enorme no peito.

Já a estudante de 15 anos, Leidnhan Walthier comentou que “a iniciativa de formar um núcleo de Heavy Metal é muito legal para incentivar o surgimento de novas bandas e abrir espaço para eventos, afinal, o público do estilo carece.” Sua amiga e também estudante, Elizângela Monteiro, concorda e ainda complementa: “No Acre não têm muito show de Rock, é bom poder ir a um evento e encontrar pessoas que tenham o mesmo gosto musical que o seu”


E as fotos?
Deixa de blá, blá, blá, eu quero imagem! Então dá uma conferida no flirck do Catraia, aqui. Ou então no Fotolog, aqui. Durante toda a semana você vai poder conferir os diversos ângulos do acervo de imagens do coletivo de cultura.


E os vídeos?
Se o seu negócio é imagem em movimento (e de preferência com som), então clica aqui. Aí tem mais detalhes do que rolou no mini-festival. Quem não foi vai poder ver o que perdeu, e quem foi vai poder rever os vídeos com gostinho de nostalgia.


Estréia Catraiera


A lindíssima Bia: o trabalho foi tanto que nem deu tempo de tirar uma foto no evento.


O Norte Noise foi de fato um evento especial. Bandas veteranas e novatas e outras nesse meio termo dividiram o palco do Quadrilhódromo mostrando todas as facetas do underground rio-branquense. Além do lançamento do novo núcleo catraieiro, o evento também foi a estréia de Beatriz Feres [ou Bia para os íntimos] , nova integrante do Núcleo de Produção e Eventos. A acadêmica de Engenharia Civil, trabalhou pela primeira vez no sábado, ajudando no corre-corre para deixar tudo pronto. Abaixo você confere um rápida entrevista com a catraieira de primeira viagem.

Catraia - Como foi a atuação no primeiro evento? E oque você achou de ter entrado no Catraia já participando da construção do evento?

Bia Feres - Pra mim, aconteceu tudo muito rápido. Quando eu vi, já estava ali ajudando as meninas como colaboradora/ajudante de produção (se é que dá pra assim dizer). Decoração, impressão de dados, cadastramento, caixa (no bar)... Fazendo o que estava ao meu alcance, afinal, nem eu sei ainda o que realmente fazer ou como me portar. O "estar por trás do evento" é algo singular. Uma coisa é você ter tudo pronto, outra é colaborar pra que o "tudo" esteja acontecendo. E, ao mesmo tempo, é fazer isso em um evento completamente novo pra mim. Eu nunca tinha estado em um evento com bandas de heavy metal. Foi ótimo!
Catraia - O que te levou a participar do Catraia?
Bia - O Catraia é importante por conta da cena independente. Não é todo mundo que tem interesse e acesso fácil a cultura, então o Catraia ajuda nesta divulgação, ele apóia a cena e ajuda a estruturá-la. Como colaboradora eu pretendo trabalhar para dar essa estrutura para as bandas locais.

Catraia - Você sente que pode fazer a diferença num contexto
político-sócio-cultural?


Bia Feres - Cada pessoa pode fazer essa diferença, elas estão lá dentro pra ajudar esse núcleo. O Catraia depende de quem participa dele.

Catraia - Vamos agora ao pingue-pongue?

Uma cor: Vermelho
Um Filme: Antes de partir
Um livro: O Código da Vinci
Uma banda: Los hermanos
Uma música: Além do que se vê [da banda Los Hermanos, álbum Ventura]
Uma frase: É preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê [tinha que ser a frase da música favorita dela, claro]
Um sonho: Fazer da minha vida o que eu espero que ela seja.
Um gesto: Abraço bem apertado
Uma palavra: Felicidade
A Bia pela Bia: Aquela que fala sem parar, quer sempre poder ajudar, tenta olhar
tudo pelo lado bom, procura não perder as esperanças. Não é mil sorrisos (como
alguns pensam), tem seus estresses e não é lá muito paciente. Ah! Ela é normal [risos]

8 comentários:

Kaline Rossi disse...

Muito legal a matéria!
E o evento também
o/

saulinho disse...

parabéns gurizada!

survive_band disse...

Parabéns ao Coletivo catraia e ao Max...
Evento muito bom.

Parabéns à Thalyta pela matéria de alta qualidade.

Essa foi uma das maiores, depois do varadouro, demonstrações de que no Acre não existem fronteiras que impeção o crescimento da diversidade musical e cultural.

Toda a equipe do Coletivo Catraia está de parabéns.

Continuem com a mente aberta, dessa forma várias barreiras ainda serão quebradas!

Falows moçada!

Renato Piauhy/baterista/Survive.

Janu Schwab disse...

Parabens pra veriana e todo mundo que ajudou no evento! E, rapaz, eu vou dar parabéns é pra moçada da Survive, que veio conversar numa boa, cheios de idéias. Foi muito divertido ajudar no Norte Noise. E que venham mais e mais eventos e mais bandas e coletâneas e shows e exposições e documentários e uma cena pulsante, pq a gente precisa disso! Avante, galera! =)

PS.: amigo, eu nunca vi um mapinguaaariiii! (isso é da Scalpo? bom demais!)

Thalyta França disse...

Gente! a matéria é da Veriana!
Parabéns para ela !!!!
pq ela é foda!
heheh
ficou massa!

Janu Schwab disse...

Veriana? Sou fã! Gurizada catraieira? Idem.

Janu Schwab disse...

Quero outro Norte Noooooooise! \w/

survive_band disse...

Parabéns para todos que estiveram lá. Foi muito bom ver a interação e a galera do coletivo impenhados em deixar tudo nos conformes.

A survive só a agradecer pela acolhida do coletivo, esperamos contribuir cada vez mais para um crescimento coletivo do nosso estado.

E que venha o 2º Norte Noiiiiiiiiise!

Ah, parabéns Thalyta e Veriana.
=]