quarta-feira, 4 de junho de 2008

Los Porongas em Outros Rumos

Diogo Soares, da Los Porongas: novos rumos.


Em nota divulgada em seu site oficial, os representantes do selo de música independente Senhor F, Fernando Rosa e Philippe Seabra, explicaram que a banda acreana Los Porongas não faz mais parte do quadro de artistas da gravadora, por motivos até então pouco esclarecidos. Residentes em São Paulo há mais de um ano, os integrantes da Los Porongas, integravam o selo de Rosa e Seabra juntamente com outros artistas (Superguidis e Beto Só, são alguns deles) e se apresentavam em festivais independentes Brasil a fora, cavando seu espaço no circuito.

A notícia do fim da parceria Senhor F e Los Porongas levantou dúvidas entre as pessoas ligadas a cena independente. Pequenas especulações quanto ao futuro da banda foram levantadas e um certo desconforto pairou entre os mais ligados as pessoas envolvidas no processo. Antes de qualquer conclusão, o blog Catraia resolveu apurar os fatos. Por telefone e messenger, conversamos com Jorge Anzol e João Eduardo, baterista e guitarrista da banda, que comentaram os motivos que levaram ao rompimento da relação artista-gravadora.

"Recebemos uma proposta de uma produtora de artistas e não de um outro selo fonográfico." disse Anzol, na segunda-feira. "A relação da banda Los Porongas com o Senhor F é uma relação banda-gravadora. A gente deixou muito claro para o Fernando Rosa que a banda queria assinar um contrato com uma produtora, para agenciar a carreira do Los Porongas, o que nunca foi papel do selo Senhor F", explica. A produtora em questão é a Barravento Artes, que agencia artistas como Seu Jorge , o hermano Rodrigo Amarante e bandas como Orquestra Imperial e a cuiabana Vanguart. Tanto Anzol, como o guitarrista João Eduardo, afirmaram terem ficado surpresos com a nota publicada no site do Senhor F. "[a nota] Nos deixou bastante constrangidos também. Jamais manifestamos interesse em sair do selo", disse João.

Jorge Anzol garantiu que os motivos que levaram a banda a assinar o contrato com a Barravento foi uma necessidade de gerenciar a carreira da banda. "É uma coisa natural a banda fazer parte de um selo/gravadora e ter um agenciador para organizar o trabalho", disse. Sobre o futuro fonográfico da banda, João Eduardo afirmou que uma nova tiragem do álbum "Los Porongas" ainda será feita pelo selo de Rosa e Seabra. "O Senhor F será o intermediário no processo de distribuição das primeiras mil cópias do nosso DVD, que pretendemos lançar aí em Rio Branco em julho", completou o guitarrista. "Sobre trabalhos futuros, obviamente, serão realizados com outro selo que se interessar", disse.

Procurado pelo blog Catraia para dar maiores detalhes, Fernando Rosa salientou que o posicionamento do selo em relação ao ocorrido está registrado na nota que foi publicada. Polidamente, Fernando afirmou que não há nada mais a acrescentar ao assunto. "Los Porongas é uma das melhores bandas do Brasil e deve seguir o seu próprio caminho", completou. Uma das bandas participantes da retomada da cena independente de Rio Branco, Los Porongas teve seu primeiro trabalho "Enquanto uns dormem" lançado pelo selo acreano Catraia Records. Segundo a crítica especializada, a parceria com o selo Senhor F e o produtor Philippe Seabra possibilitou a banda uma sonoridade mais roqueira e a dar passos mais largos.

Colaboraram Thalyta França e Diego "Dito" Melo,
colaboradores do Catraia, coletivo de cultura.

Abaixo, você confere a entrevista com João Eduardo, o guitarrista da Los Porongas sobre o rompimento da parceria entre a banda e o selo Senhor F Discos.

Catraia: Então João, você tinha me dito em outras conversas, que os Los Porongas iriam assinar com o Barravento. Mas que eles, fariam um trabalho de produtora, e como selo, continuariam com o Senhor F. Porque isso não ocorreu ?

João Eduardo: Era isso que queríamos, porém, houve uma rejeição muito grande por parte do Senhor F para que assinássemos com a Barravento. Tentamos negociar isso da melhor maneira, sendo que nossa vontade era continuar no “cast” do selo. Porém, aquela nota no site Senhor F saiu sem sermos avisados, o que nos deixou bastantes surpresos e constrangidos, também. Sem contar que a nota continha algumas partes completamente inverídicas, como o fato de estarmos nos "rendendo a velhos esquemas de mercado". Isso realmente não tem nada a ver com a realidade que está envolvendo nosso início de relação com a Barravento.
Mas já falamos com o responsável pelo selo, e ele irá nos conceder um espaço no site para colocarmos nossa versão dos fatos.

Catraia: Na nota, eles afirmam que a vontade da banda assinar com o Barravento era unilateral. Mas a saída dos Porongas do cast do Senhor F pode ser considerada uma atitude unilateral pro lado deles também?

João Eduardo: Com certeza. Jamais manifestamos interesse em sair do selo. Ontem mesmo coloquei isso pessoalmente para o Fernando Rosa. Acho que o problema reside no seguinte: nunca assinamos um contrato oficial com o Senhor F, tudo sempre foi na negociação verbal e camaradagem, uma coisa sempre visível na nossa relação. Mas a inexistência de algo mais formal misturou um pouco as coisas, ou seja, o Senhor F era o Selo da banda e não nossa agência ou produtora. Claro que realizamos algumas parcerias em shows e etc. Assim como fizemos com vários outros parceiros, mas não tínhamos esse vínculo direto, o que nos deu total liberdade de aceitar o convite da Barravento - essa sim, uma agência produtora - para entrarmos em seu cast. Acho que as coisas misturaram-se um pouco e no final deu nisso.

Catraia: Hoje em dia, como está a relação de vocês com o Senhor F? E o selo dos Porongas, qual será? Já estão pensando nisso? Já tem algo concretizado?

João Eduardo: Então, depois desse ocorrido, o que ficou acertado é que nossa parceria de meio-a-meio continuará nessa nova prensagem de mais 500 CD´s do álbum "Los Porongas", e o Senhor F será o intermediário no processo de distribuição das primeiras 1.000 cópias do nosso DVD. Para você ver como as coisas não se misturam, não houve nenhuma objeção da Barravento sobre esse nosso acerto com o selo, nosso lance com eles é agenciamento de carreira, saca? Sobre trabalhos futuros, obviamente, serão realizados com outro selo que se interessar.

Catraia: E a banda, como ta de shows? Músicas novas? Conte-me as novidades.

João Eduardo: Tivemos uma agenda bem cheia nesses meses de maio e abril. Hoje, particularmente, assinamos oficialmente com a Barravento e na sexta-feira faremos nossa primeira reunião de trabalho para reorganizar a agenda da banda daqui pra frente. O que temos de certo é um show na Outs dia 20. Sobre o DVD, pretendemos lançá-lo aí em Rio Branco em julho. Estamos, claro, naquela correria para apressarmos o passo da prensagem, para que fique pronto antes de irmos para aí. Já as músicas novas, estamos burilando algumas idéias aqui em casa, no quarto de ensaio, bem baixinho, para não incomodarmos as vizinhas chatas, nossas próximas músicas serão: voz, baixo acústico, cajón e violão [risos]. Brincadeiras à parte, esses dias estávamos criando umas coisas novas e ficamos muito satisfeitos. O que saiu, eu considero bem mais elaborado do que já produzimos antes. É fruto do que vem rolando. O Anzol [Jorge Anzol, o baterista] está estudando muito jazz (estuda quase seis horas por dia), eu e o Diogo estamos ouvindo muita coisa nova, muita MPB dos anos 60 e 70, e acho que isso vai influenciar bastante no que vier de novo por aí.


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