sábado, 3 de maio de 2008

Diário Catraia: Festival Casarão

Kaiapy do Macaco Bong: artista igual pedreiro.


Ao sair de Rio Branco na tarde de quinta-feira, confesso que tive até pena de largar uma friagem daquelas, tipicamente acreanas, para ir a Porto velho onde o frio passou longe. O vôo atrasou e chegamos em cima da hora para uma das oficinas que iam acontecer durante semana do festival. A oficina com Bruno Kaiapy, do Macaco Bong foi totalmente diferente do que eu pensava que seria.

Pra quem, como eu, achou que seria mais um típico showzinho particular onde um guitarrista mostra sua virtuosidade se enganou. Além do Kaiapy, a banda toda estava lá e tanto ele quanto Inayan deram uma aula daquelas em que a gente não quer ir embora - o baixista Ney Hugo não falou muito, pra não dizer quase nada, mas o homem dos graves fala pouco e toca muito.

Numa de suas falas,
Kayapy abordou o processo criativo da Macaco Bong, as influências, as intenções do trabalho com a responsabilidade em fazer músicas que toquem as pessoas de alguma maneira, da independência dos instrumentos e de sua interação, da autenticidade de cada um e da ação do trabalho coletivo. Inayan falou sobre suas técnicas e influências, deu dicas do que ouvir, do que treinar e como treinar, sempre complementando a linha de pensamento de seu colega guitarrista.

É visível a afinidade tanto musical quanto pessoa da banda, acho que isso influencia para que eles sejam tão bons no que fazem tanto na banda, quanto fora dela. Vale lembrar que a Macaco Bong é uma das bandas que pegam no pesado na cena independente de Cuiabá - tanto que lançaram o novo álbum da banda com o sugestivo nome de Artista Igual Pedreiro. Por isso tudo que
eu sai do auditório querendo dominar o mundo e com desejo de tornar minha banta tão boa conceitualmente, musicalmente e importante quanto a deles. Fica difícil não pagar pau.

Música e Terapia

Foto: Thays França.

Assim como muitas pessoas que têm banda, eu vivo de sonhos e frustrações. E foi sobre esses sonhos e frustrações o tema da palestra de ontem, sexta-feira: 'No divã com Lariu'. O Rodrigo Lariú tem uma gravadora independente, a Midnight Summer Madness, do Rio de Janeiro, e falou sobre a evolução da indústria fonográfica independente, sobre fitas cassete, cds, vinis, sobre tecnologia e técnicas de divulgação.

Antes de começar, Lariú disponibilizou alguns álbuns de bandas da MMrecords para os que estavam presentes, com a condição de não irmos embora antes da palestra acabar. Em um papo super descontraído, Lariú deu dicas sobre o perfil das pessoas que tem banda, da necessidade de definir de objetivos para banda e ainda defendeu a idéia que todas as gravadora e distribuidoras, independentes ou não, deveriam ter um departamento de psiquiatria para os artistas.Segundo ele existem músicos que não sabem nem o que são e nem o eu querem - eu apóio a idéia e acho que me enquadro nesse diagnóstico.

Lariú ainda mostrou os dois caminhos a seguir com uma banda: o independente e o mainstream. Deu dicas para os que querem ter bandas, de como começar uma, desde as escolhas dos integrantes, passando pela composição de músicas, elaboração de uma identidade visual, que vai da criação de uma marca, passando por fotografias e chegando nas capas dos trabalhos, gravação de demos, de vídeos caseiros, releases de qualidade, técnicas de divulgação na internet e exemplos para seguir e não seguir. O papo todo foi muito bom e regado a bom humor. Nem precisava dos brindes da gravadora. Com os cds na mão ou não pergunta se alguém foi embora antes de acabar?

Kaline Rossi
é baterista
da Blush Azul,
integrante
do Núcleo de Produção do Catraia
e foi checar de perto as novidades que acontecem
no Festival Casarão.


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