quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Esquenta Grito Rock! Acre - Bandas



Onde e quando, você já sabe. Sábado, dia 19 de janeiro, a partir das 22h, por cima das águas caudalosas do rio Acre, no bar Flutuante. E se dúvidas ainda rondam a cabeça de seus amigos, tome você a decisão lendo as resenhas e ouvindo o som das bandas que tocam no Esquenta do Grito Rock! Acre .


CREMÈ DU CITRON

O trio Pablo Barroso, Maiara Rio Branco, Gabriel Barbosa sabem bem: creme de limão é uma deliciosa sobremesa capaz de guardar numa só colherada notas ácidas e doces que brincam com o paladar. No caso dos músicos e de sua banda Cremè du Citron, as brincadeiras vão além do paladar: todos sentidos se alteram e quem está na platéia passa a sentir gosto com os ouvidos, ver com a ponta dos dedos e por aí vai. Não é exagero. É música boa.

Cremè du Citron é Thelonius Monk, Charlie Parker, Sylvain Luc, Jaco Pastorius e outras feras do Jazz. Mas também é Tom Jobim, Chico Buarque, Tom Zé e... Claudinho e Bochecha. Como? O que Claudinho e Bochecha tem a ver com Jazz? “A gente não se prende a rótulos”, diz a baixista Maiara Rio Branco, que carrega no nome a parte acreana da banda formada no Rio de Janeiro. Se o Jazz tem, injustamente, aquela fama de música metida a besta, o Cremè du Citron ajuda a derrubar esse mito mequetrefe de forma despretensiosa.

E é isso. A graça da banda está justamente nessa postura despretensiosa de apresentar o jazz, fundindo-o com sambas, rocks e até funks. Na última apresentação da banda (com uma forte chuva como acompanhante) os Citron mesclaram técnicas instrumentais com simpatia, flanaram entre o erudito e o popular, pescando entre solos, batidas quebradas e participações da platéia, o ponto certo da sua receita. Assistir a um show desse trio é, de fato, como saborear uma sobremesa.

Ouça as músicas do Cremé du Citron, no Myspace.



VITROLA

Coisa boa é voltar no tempo, sentir saudade do que se viveu e caminhar por aí com a cabeça nas nuvens. Meio mundo sabe disso e os meninos do Vitrola não ficam atrás. Mesmo que no caso deles – todos com menos de vinte e cinco anos – a saudade seja por aquilo que eles, infelizmente, não viveram: a febre rock’n’roll que tomou conta do mundo, saindo de Liverpool até os impensáveis rincões do mundo, mudando o penteado de muito marmanjo e virando de ponta-cabeça a cultura de massa nos idos da década de 60.

O Vitrola faz jus ao nome. Além de buscar no passado a influência para suas músicas e atitudes, traz grandes nomes do rock sessentista para perto, como se eles tivessem ali, na sua frente, girando num setenta e oito rotações, e não gravados num videoclipe na tela do computador.

Os rapazes bebem da fonte de Beatles, Zombies, Kinks, Beach Boys e outros, mas de um jeito muito particular. Soam como se fosse antes, mas com olho no agora. E mesmo com apenas uma música própria, o Vitrola toma emprestado as obras de seus ídolos e transforma suas covers em homenagens autorais. “Nós também costumamos estragar as músicas dos Beatles”, debocha o vocalista e guitarrista Magno Wesley.

Da última vez que tocaram no Balanço da Catraia, em dezembro de 2007, o Vitrola quis botar abaixo o lugar. Cordas de guitarra se partiam, microfones caiam e pessoas subiam ao palco para dividir a cantoria das músicas que você, nós, vós, eles sempre ouvimos – ao menos uma vez nessa vida.

O Flutuante esqueceu que repousava nas águas do rio Acre e balançava como se estivesse sobre as ondas do mar. Puro rock'n'roll. O show terminou com uma nota uníssona entre banda, público e o calor que tomava conta de tudo. Havia eletricidade no ar. E arfando o feliz cansaço, houve quem sugerisse um novo nome a banda: Vitrola Elétrica.



MARLTON

Quando a Marlton sobe ao palco, a primeira reação do público que não conhece a banda é a de que são apenas garotos que preferem tocar rock'n'roll a tirar boas notas na escola. Alguns minutos depois e essa idéia vai caindo por terra. Um quarto de hora além e a banda já pôs muita gente para pular, dançar e esquecer o qualquer vestígio de mau humor. Eles são novos, mas são competentes. A idade dos meninos não é um “apesar”, é um “algo mais”.

Com maturidade nos instrumentos, a meninada empresta jovialidade à música que tocam. E bem. São despudorados, despretensiosos, rotulados que arrancam os próprios rótulos - são emos psicodélicos, como diria Kilrio “Nicles” Farias. Mas também são do metal, do hardcore, do pop, do valvulado e do acústico, tudo misturado em músicas que colam no ouvido. A Marlton é do Acre.

A banda tem pouco mais de um ano, um Festival Varadouro nas costas, mudanças na formação e agora vai estrada afora levar seus rifes competentes e seus refrões enxutos para o Festival Grito do Rock Cuiabá, que acontece em fevereiro. Os meninos se sustentam a partir de fatores básicos na formação de uma band: técnica, responsabilidade e harmonia entre os músicos. Mas quem disse que eles se importam. Acham graça disso e daquilo. E seguem em frente: baixo, guitarras e bateria. Eles têm pressa.

Pressa e - isso já foi dito? - competência. A cada apresentação os quatro integrantes costumam fluir para um só. Meio solo aqui, um grito ali, uma virada acolá e, pronto, o palco é deles. Uma música, duas e a platéia também: pessoas cantarolam versos , batem os pés em compasso - se não por gosto, ao menos por respeito. E a Marlton merece esse respeito.

Não é a profundidade da banda que se põe em questão, mas a sua competência diante de suas músicas ligadas a temas como violência, distúrbios e síndromes, cantadas de forma pueril, sincera e sem pedantismos. Os meninos da Marlton não querem soar adultos. Querem soar como são. Meninos maduros e cheios de energia.

Ouça Estocolmo, primeiro trabalho da Marlton no Myspace.

Um comentário:

Anônimo disse...

Paguei pau pro post, muito massa!
o/