quinta-feira, 13 de março de 2008

Cappuccino Jack : Sobre Música, Cafés e Garçons

É começo de noite e uma brisa alivia o calor que foi regra durante o dia. Sentado na mesinha do Café, faço o meu pedido ao garçom. Sob o olhar torto dele, peço um cappuccino. Como se o tempo não corresse, ele anota tudo lentamente e sai em passos idem. No Brasil, diferente da receita tradicional italiana, para se fazer um bom cappuccino ao invés de três, usa-se quatro ingredientes: leite, café, chocolate em pó e creme – que dão o gosto inconfundível entre doce e amargo dessa bebida. Talvez os meninos da Cappuccino Jack nem tenham notado essa semelhança além do nome, mas a banda conta com quatro integrantes e suas músicas também vão da doçura ao amargor.

Para um bom cappuccino é preciso um barista. Para boa música é preciso um ideal. Meu cappuccino com certeza não será feito por um barista. Já a Cappuccino Jack com certeza faz suas músicas com ideal. O resultado disso está em melodias ainda nem tão inovadoras, mas em letras que reforçam o idéario artístico do Acre: terra de boa poesia! Com um ano de idade e como Los Porongas, Survive, Blush Azul e Filomedusa, a Cappuccino Jack se prepara agora para se apresentar longe dos palcos de Rio Branco. Mas ao contrário das bandas irmãs, que saíram Brasil a fora, a banda dos Andrés (Lima e Barrozo), Hugo e John se volta para dentro do estado, na missão de divulgar aos acreanos de outros cantos a já comentada novíssima cena independente do Acre.

No próximo dia 15/03 os cappuccinos aterrissam em Tarauacá - cidade distante 450 km da capital acreana -, para se apresentar na edição local do Grito Rock. Levam na bagagem a euforia de viajar entre amigos, a responsabilidade de serem a atração principal do evento e o compromisso de representar o Coletivo Catraia para um público carentes de novidades. Carência de novidades sim. Mas nem tanto de idéias. Foi de Tarauacá que partiu a iniciativa de se realizar um Grito Rock local, com uma banda de Rio Branco como atração. Hugo Costa, baixista da Cappuccino, vê na cidade do Vale do Juruá (o nome dado a região formada pelos municípios Tarauacá, Cruzeiro do Sul, entre outros) a possibilidade de mais uma frente em prol da cultura independente. "Se a gente pode, eles também podem", diz.

Com influências que vão dos brasileiros da Legião Urbana aos escoceses do Travis, a Cappuccino Jack também vê na parceria com o Coletivo Catraia um estímulo para a sua produção autoral e para a conquista de novos espaços. “O bom de ser independente é que se pode ser fiel aos seus próprios dogmas sem receber nenhum tipo de pressão”, diz Hugo. Questionado sobre a responsabilidade de estimular o aparecimento de novos artistas, o baixista completa: "a gente aprende a ter mais responsabilidade como banda, sabendo que é também pelas nossas ações que a cultura no Acre se desenvolve". Com um argumento desses, já não importa se uma banda ou outra é melhor ou pior. Assim como também já não se questiona a qualidade técnica do artista, mas suas atitudes positivas diante do contexto do qual ele faz parte.

Ainda sentado na mesa do café, vejo que a brisa de antes virou vento e o relógio já marca além do horário de costume. O tempo passa rápido. O garçom nem tanto. Com minha xícara pela metade, dou o derradeiro gole, fazendo uma careta. Cantarolo “Ruídos”, uma das músicas da Cappuccino Jack – por motivos pouco óbvios, há dias ela não me sai da cabeça. Com sorte essa e algumas outras canções também ficarão na cabeça do público do Grito Rock Tarauacá. André Lima, Barrozo, Hugo e John fazem suas músicas como se faz um bom cappuccino: nem tão doces, nem tão amargas. Já o cara que prepara as bebidas desse Café, não: meu cappuccino estava exageradamente açucarado.

OndeComoQuando?
Cappuccino Jack no Grito Rock Tarauacá
dia 15/03, 19 h, no Clube da Maçonaria

6 comentários:

Veriana Ribeiro disse...

esse texto está simplesmente mágnifico. Amei.

Anônimo disse...

é Nois no teco-teco...



kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Raimundo Accioly disse...

Teco teco é legal hein huaehuUHAEuhaeuhAUHE...




Chega ae pô.

Anônimo disse...

somos barista???



janu, parabens...



e a giovanni....
estamos chegando,
vai ser duca...

karlota disse...

Boa analogia...eu não gosto de cappuccino! É sempre muito doce, mas admiro o trabalho dedicado da banda. Parabéns pela sua "doçura" ao escrever.

Kaline Rossi disse...

Adoro um cappuccino.
Boa sorte meninos. Boa sorte não, sucesso!